Eu subia com dificuldade a areia lisa e branca das Dunas. Eu arrastava junto comigo uma prancha, que havia alugado para deslizar pelas pequenas montanhas e Dunas de Floripa, no bairro da Lagoa.
Era difícil, ainda mais com o peso extra da prancha. Meus pés deslizavam na areia, tentando subir a grande duna, para me afastar dos turistas que se entretinham ali: subindo e descendo as dunas, ora com as pranchas, ora com suas pernas e esforços.
Mas eu não estava ali para me divertir. Não, eu queria lidar comigo mesma, queria encontrar alguma paz. O meu objetivo ao ir de ônibus até a Lagoa não era ir até as Dunas. Eu queria rever uma praia escondida, mas, no caminho até ela, resolvi mudar de rota e ficar ali, nas Dunas.
Aluguei uma prancha para, de alguma forma, deslizar melhor nas dunas e encontrar alguma paz para o meu sofrimento e dor.
Eu estava sofrendo tanto, mas tanto, que eu simplesmente precisava sair de casa. O motivo do meu sofrimento talvez não importe, o que importa é que eu estava ali, nas Dunas, lutando para chegar mais longe nelas, enquanto internamente também lutava.
Até que, depois de subir uma longa e grande duna, eu cheguei a uma parte mais deserta, quase que isolada e bastante afastada da entrada das dunas. Não havia turistas ali e, ficando no topo de uma duna, eu me sentei, e observei o horizonte de areia à minha frente.
Era quase o pôr do sol, eu tinha ido ali justamente para ver o pôr do sol. O céu azul de Floripa estava começando a ficar cinzento e o vento beijava meu rosto. Eu olhei para aquela extensão que parecia ser infinita, a areia branca das dunas desaparecendo ao longe.
Eu foquei na minha respiração. Meditar sempre ajudava. Inspirei. Expirei. Inspirei. Expirei.
E, quanto mais eu focava na minha respiração, mais o vento ao meu redor parecia cantar ao ritmo da minha respiração: vai e vem, vai e vem, vai e vem.
Eu estava com dor, sim, mas ver todo aquele lugar lindo, ser beijada pelo vento e pela areia branca das dunas, meditar e respirar, isso de alguma forma me trouxe paz. Olhar para o lado externo a mim e me conectar com o meu lado interno enquanto fazia isso me trouxe paz. Era como se o meu futuro fosse toda aquela areia: uma enorme extensão, que eu via um pouco, mas que em certo ponto se perdia.
Estava tudo bem ficar mal, sofrer, sentir dor e agonia. Estava tudo bem, porque a paz podia existir junto com isso. Estava tudo bem porque meu futuro estava diante de mim, mesmo que eu não soubesse como ele seria, ainda assim, meu futuro estaria ali, esperando que eu conseguisse carregar os pesos extras na minha caminhada, esperando que eu me lembrasse de respirar e de procurar pela minha paz, que podia existir junto com a minha dor.
Meu futuro estava ali, espelhado por aquelas dunas brancas de Floripa.
Esse é um registro de Autoexpressão que eu fiz para mim mesma, mas quis compartilhar ele aqui por alguns motivos:
1º você pode se inspirar no meu registro de Autoexpressão para escrever o seu próprio, contando suas frustrações e problemas atuais.
2º talvez você esteja precisando ouvir o que eu disse para mim mesma: então espero que você encontre conforto nesse registro que eu escrevi para mim e que, por eu estar compartilhando ela, eu escrevi ela para você também <3
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