Este texto contém SPOILER de todos os livros de Trono de Vidro.
Trono de Vidro narra a história de uma assassina e rainha: Aelin Galathynius. Nos primeiros livros, a conhecemos pelo nome de Cealena, mas no decorrer dos livros, Aelin se transforma em uma grande rainha. O foco da história nos livros não são os romances, mas Trono de Vidro está cheio deles.
Como que se fosse um efeito dominó, todos os romances começam a surgir assim que Cealena e Dorian (o príncipe e herdeiro de Adarlan) começam a se envolver amorosamente. Até que ela acaba se envolvendo com o guarda real (Chaol) e decidindo ficar com ele. E essa troca de amor, de um casal para outro, é natural em Trono de Vidro.
Os livros dessa história nos ensina que o amor não precisa ser eterno para ser certo.
Durante os oito livros (incluindo A Lâmina da Assasina e Torre do Alvorecer), os personagens principais tiveram mais de um romance com outros personagens.
Aelin é a que mais teve pares amorosos durante a série de livros: primeiro Sam (outro assassino), depois Chaol e depois Rowan (um férico que a treina e que depois se torna o parceiro de Aelin). Ela teve o início de um romance com Dorian no primeiro livro, mas esse romance mais pareceu um triângulo amoroso entre ela, o príncipe e Chaol e foi o guarda real que ganhou essa disputa.
Houve outros personagens que tiveram mais de um par amoroso durante a saga: como por exemplo Dorian, com Sorcha (uma curandeira) e depois Manon (uma bruxa cuja história acompanhamos paralelamente a de Aelin durante os livros).
Outro que teve mais de um par amoroso foi Chaol, que se envolveu com Aelin, depois Nesryn (que será a próxima guarda real, após Chaol sofrer um grave acidente) e então Yrene (uma curandeira que cura Chaol e o faz andar novamente após o grave acidente).
Até mesmo Rowan teve dois pares amorosos: um que apenas é contado pelo próprio Rowan no decorrer da narrativa e o outro com Aelin.
E todos os pares amorosos de Trono de Vidro (com algumas exceções que falarei mais a frente) são romances que parece que irão durar até o fim da saga.
É impressionante pois eles parecem tão certos que, quando acontece algo para acabar com ele (normalmente a morte de um deles, como é o caso de Sorcha, Sam e a antiga parceira de Rowan), estranhamos quando o personagem começa a se envolver com outro par amoroso (até que aí começamos a torcer para que o romance entre eles dê certo).
O fato de que o amor entre os personagens, o romance entre eles parecer durar até o último livro para depois ser quebrado e um novo romance ser construído, quebra com a ideia de que o amor para ser certo tem que ser eterno.
E essa é a maior lição de Trono de Vidro, até por que essa saga quebra essa ideia usando aquilo que nos faz acreditar nessa história que de “um romance só é certo quando ele dura para sempre”: os contos de fadas.
Sarah J. Maas transfigura alguns contos de fadas e os transforma em seus personagens. Um exemplo disso é que Aelin é a Cinderela que não vai ao baile para dançar com o príncipe, mas sim para mata-lo.
A ideia principal da maioria dos contos de fadas modernos, influenciados pela Disney (pois os contos de fadas originais não possuem essa mensagem) é a ideia do “felizes para sempre”.
Será mesmo que, parar sermos felizes com alguém, isso precisa durar para sempre? Será que um amor não pode ser certo e dar certo em um período limitado de tempo? Além de que, de acordo com o Coelho de Alice no País das Maravilhas, a eternidade pode durar um segundo.
Outra ideia que Trono de Vidro nos ensina é a de que nós não teremos apenas um amor certo em nossa vida. Quantos amores certos Aelin teve? Quantos amores certos Dorian e Chaol tiveram? E Rowan? Todos eles tiveram no mínimo dois amores certos e cada um foi certo enquanto durou.
Amar é a melhor coisa que fazemos e não faz sentido isso apenas dar certo com uma única pessoa em toda a nossa vida.
O amor não é eterno e é por isso que, quando ele acaba, podemos e devemos encontrar outro alguém para amar, para amar tão intensamente como Aelin amou cada um de seus parceiros, como Dorian amou Sorcha e Manon e como cada um dos personagens de Trono de Vidro amou alguém.
Mas, é claro, não é apenas por que amamos alguém que isso simplesmente irá dar certo. Há vezes em que não importa o quanto amemos alguém ou o quanto queiramos amar alguém, nem sempre o amor funciona da forma que deveria funcionar. E está tudo bem com isso.
Dorian e Aelin se amaram no primeiro livro, mas o romance deles não deu certo. E não foi por falta de amor, mas sim pois Aelin amava mais Chaol do que Dorian. Chaol e Nesryn tentaram ficar juntos por um bom tempo (e até chegaram a “ficar juntos”), mas não havia conexão entre eles. Mas ambos tentaram, tentaram de verdade.
Afinal, Chaol se sente mal quando ele começa a se envolver com Yrene, no livro Torre do Alvorecer. Mas não é por conta de que um romance que não deu certo, que nenhum outro irá dar.
Aliás, quando Nesryn viaja com Sartaq, que é um dos príncipes do Continente Sul), ela e o príncipe começam a se envolver, assim como Chaol com Yrene. Chaol e Yrene juntos é tão certo quanto Nesryn com Sartaq e isso apenas aconteceu pois ambos tentaram amar e se envolveram com outra pessoa, mesmo que o romance anterior não tivesse dado certo.
Portanto, precisamos nos envolver e amar o máximo possível, pois é a melhor coisa que fazemos.