O livro “A Arte de Respirar“, do Dr. Danny Penman é curto e simples, mas nem por isso é menos impactante.
Eu levei duas horas para ler ele, mas quanto mais eu lia, mais a minha mente trabalhava, pensando e pensando sobre o contéudo do livro.
Com exercícios de meditação, ilustrações lindas e um texto rápido, claro, simples e profundo, o livro fala sobre atenção plena e meditação – mas acho que ele acaba indo um pouco além disso.
Meditação e atenção plena
A meditação é um exercício focado na atenção plena, que envolve direta ou indiretamente a respiração.
Já a atenção plena é você focar na sua respiração, no seu corpo e no movimento dele, nos seus pensamentos e sentimento e nas coisas que estão a sua volta.
A atenção plena faz com que os nossos sentidos parecem estar mais aguçados, mas na verdade, nós apenas estamos prestando mais atenção neles e assim, se tornam mais poderosos.
Ter atenção plena também é você ser um observador dos seus pensamentos, vendo como vem e vão, mas sem tentar muda-los ou critica-los. A mesma coisa acontece com os nossos sentimentos: devemos observar eles, sem tentar mudar ou criticar.
A atenção plena e a meditação acalmam e fazem o nosso corpo não ter tanto estresse, já que ela quebra um ciclo vicioso que o nosso corpo entra quando está com estresse.
Esse ciclo funciona assim: você fica estressado e ai, o seu corpo fica tenso, o que faz com que você respire com dificuldade, sobrecarregando o seu corpo, o que faz com que ele fique com mais estresse, o que gera mais tensão e assim por diante.
Mas quando respiramos concientemente (através da atenção plena), nós conseguimos dar mais oxigênio ao nosso corpo, fazendo com que o nosso corpo não se sobrecarregue e assim, não gera mais estresse, quebrando o ciclo.
Além de que, isso faz com que o cérebro libere hormônios calmantes, que fazem o corpo parar de ficar tenso e assim, o estresse que você sentia se dissipa.
A meditação e a atenção plenas tem muitos benefícios, mas se esses benefícios são o seu objetivo ao pratica-las, você pode acabar não alcançando isso, pois cairia no Circulo Vicioso Infernal: quanto mais tentamos sentir algo, menos disso iremos sentir.
As coisas são como elas são
A coisa que mais me impressionou no livro todo é em como as coisa são e podem ser simples. Em como a gente complica demais as coisas e em como podemos ser mais felizes e de fato existir da forma mais singela possível.
Bom, lembra que eu disse que a atenção plena é você observar os seus pensamentos e sentimentos e sensações e tudo mais sem tentar mudar ou criticar, vendo como são simplesmente? Pois é, é esse tipo de coisa que devemos fazer para tornar nossa vida mais simples e verdadeira.
A gente tem o costume de classificar as coisas, criar rótulos para as coisas, definir elas em palavras (que nada mais são do que caixinhas, de um jeito ou de outro) e isso tem as suas vantagens e muitas vezes simplifica as coisas, mas também complica elas.
Acho que a gente complica quando colocamos as coisa em caixinhas de valores, quando a gente coloca as coisa em certo e errado, em bom e mal, em certo e errado, em fracasso e sucesso, em feliz e infeliz, em dor e prazer. Enfim, fazemos isso quando colocamos as coisas ou como positivas ou como negativas.
E as coisas não são ou positivas ou negativas, elas são ambas: positivas e negativas. Isso porque as coisas são como imãs: tem sempre o lado positivo e o negativo.
Confia em mim, se você for procurar, sempre vai achar algo positivo em uma coisa negativa e uma coisa negativa em algo positivo. Não importa o quanto você tente isolar o positivo do negativo, sempre vai surgir um novo positivo nas coisas negativas e um novo negativo nas coisas positivas, como acontece em um imã, quando isolamos o negativo do positivo.
Enfim, eu acredito demais nisso e acho que esse livro reafirma essa ideia e talvez vá até além: a gente colocar as coisas nessas caixinhas não ajuda em nada, só piora até.
Porque as coisas são como são e quando a gente tenta dar um juízo de valor para elas, não só a gente vê elas de uma forma mais distorcida, como a gente também perde a oportunidade de ver como funcionam.
Quando a gente está pensando demais, tentando criticar e entender de uma forma superficial como essa das coisas serem divididas em positivas e negativas, a gente perde a oportunidade de simplesmente viver no momento e acabamos vivendo para o momento.
A gente acaba entrando em ciclos que fazem a nossa felicidade (que é aceitar o positivo e o negativo e não fugir do negativo e tentar buscar apenas o positivo) se esvair por entre os nossos dedos.
Enfim, acho que quando a gente aceita as coisas como são, sem julgar nem criticar (ou seja, classificar como algo positivo ou negativo), a gente consegue desfrutar de uma forma mais plena e consciente da vida e de fato desenvolver a atenção plena.
Autoconhecimento corporal
Acho que uma coisa que a atenção plena desenvolve com potência é a nossa capacidade de reconhecer e conhecer melhor o nosso corpo, em todos os níveis.
A gente muitas vezes separa o nosso corpo da nossa mente, mas eles são um só e funcionam em conjunto: portanto, para entender um, precisamos entender o outro.
Quando a gente entende o nosso corpo e como ele funciona (como ele reage a cada emoção, que partes são afetadas com cada sensação, como cada sentido nosso pode ser desenvolvido e trabalhado), a gente acaba entendendo também como a nossa mente funciona.
Quando ficamos tensos, percebemos que estamos estressados. Quando estamos mexendo os braços e pernas, percebemos que estamos ansiosos. Quando não conseguimos parar de sorrir, percebemos que estamos alegres e por ai vai.
Comece a notar que partes do seu corpo são influenciadas com cada emoção que você sentir, com cada pensamento seu, com cada sensação que você sentir.
Isso ajuda a entender melhor o seu corpo e como ele funciona, claro, mas também te ajuda a descobrir o que está sentindo apenas pelo corpo, ao invés de ter que descobrir o que está sentindo apenas com perguntas que faria para a sua mente.
Esse autoconhecimento que a atenção plena nos proporciona faz com que a gente lide melhor com os nossos hábitos também, faz com que a gente responda as coisas ao invés de reagir, pois faz com que a gente fique mais consciente tanto do que pode acontecer quanto do que podemos fazer acontecer.
Por exemplo, se você está brigando com alguém e percebe que está cerrando os punhos, então sabe que está com raiva e ai sabe que isso pode fazer com que você fale impulsivamente ou que seja violento, por exemplo.
Mas, se você fica consciente disso, consegue respirar e pensar antes de reagir, assim você acaba agindo com mais consciência e cuidado, evitando algo que você provavelmente se arrependeria depois.
Enfim, a atenção plena nos permite isso e quanto mais a gente desenvolver ela, mais iremos conhecer nosso corpo e mente.
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