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Foto do escritorRaquel Oliveira

O que She-Ra pode nos ensinar sobre amor próprio?


She-ra é um desenho e série original da Netflix, que conta a história de Adora e seus amigos, em um mundo fictício e cheio de magia. E, por mais que ele seja um desenho que crianças possam assistir, ele também é um desenho adulto, e que fala sobre algo, nas entrelinhas, muito ligado ao amor próprio: a nossa busca constante em ser o bastante, em ser suficiente.

A Adora é um ótimo exemplo disso: ela é a personagem que foi destinada a ser a nova She-ra, que é uma espécie de “entidade” ou força que encontra alguém para “carregar a honra Grayskull”. É um pouco complexo, principalmente para quem nunca viu a série, mas basicamente é como se a Adora assumisse a forma da She-ra, tivesse os poderes dela, mas ainda assim, continua sendo a Adora, e não a She-ra em si.

Houveram outras She-ras: outras mulheres que carregaram essa força, que assumiram essa potencialidade, mas Adora é a primeira She-ra que surgiu depois de muitos anos. E, em meio a uma guerra em Etérea, o povo precisa mais do que nunca da She-ra: aquela destinada a salvá-los.

Eu não planejo abordar spoilers da série nessa análise: irei focar apenas na Adora, que consegue nos ensinar muito sobre essa busca constante em ser suficiente e o bastante.


Adora e as expectativas que os outros possuem sobre nós


No começo da série, Adora é apenas uma soldada da Ordem (um grupo que planeja destruir e dominar Etérea), mas ela acaba descobrindo que nem tudo é como parece: a Ordem não são “os mocinhos” da história e ela mesma possui um poder que ela nunca tinha acessado: encontrando a espada, ela assume a forma de She-ra, se conectando com esse poder que sempre esteve dentro dela.

Cintilante e Arqueiro são os que acolhem Adora e a mostram sobre quem ela é, quem é She-ra e porque é tão incrível terem encontrado ela finalmente: She-ra é aquela que irá salvar eles da Ordem e libertar Etérea.

E, antes mesmo de saber que é She-ra, Adora já possuía sinais claros de autocobrança, resultado das expectativas altas que os outros tinham sobre ela: seja uma soldada perfeita, se torne comandante e deixe seus chefes orgulhosos.

Mas, agora, parece que há um novo fardo em suas costas, uma nova expectativa que ela precisa atender: salvar Etérea. E essa não é uma expectativa pequena, mas sim enorme: afinal, salvar um planeta inteiro é um grande compromisso e objetivo.

E Adora assume esse papel, ela abraça a sua tarefa e objetivo e, durante o decorrer da série, é visível o quanto Adora está sempre tentando provar o seu valor como She-ra, o quanto ela está o tempo todo tentando ser o bastante e suficiente: forte o bastante, poderosa o bastante, esperta o bastante.

E nós somos como a Adora: estamos sempre tentando provar que somos o bastante, que somos suficientes, pois, em nossa mente, é isso que irá definir o nosso valor. Quantas vezes não nos esforçamos para tirar uma nota alta ou para receber um elogio do nosso chefe ou até dos nossos pais, dizendo que fizemos um bom trabalho? Essa é a nossa tentativa constante de ser suficiente e o bastante!

Mas por que estamos sempre tentando ser suficiente e o bastante? Por que queremos tanto provar o nosso valor?


Cultura da Escassez e a nossa necessidade de ser amado


No livro “A Coragem de Ser Imperfeito”, da Brené Brown, ela começa o livro introduzindo um conceito essencial para entendermos a nossa busca constante em ser suficiente e o bastante: a Cultura da Escassez.

Essa é a nossa sociedade, é a nossa cultura, e ela diz que nós nunca iremos nos sentir suficiente ou o bastante. Nunca iremos chegar a esse nível. E nós estamos o tempo todo tentando alcançar esse nível, pois acreditamos que somente quando somos o bastante ou suficiente, que nós temos valor. E nós acreditamos que só seremos dignos de ser amados quando tivermos amor.

Portanto, estamos o tempo todo tentando ser suficiente justamente para provarmos que merecemos amor, que podemos ser amados.

Mas, se nós nunca iremos sentir que somos o bastante, então nunca vamos sentir que temos valor, e se nunca sentirmos que temos valor, jamais iremos nos sentir amados.

E, para entendermos como mudar isso, precisamos, novamente, voltar para a Adora e a She-ra.



A nossa eterna dualidade: Adora e She-ra


A Adora é a She-ra. Isso é afirmado várias e várias vezes na série. Mas a Adora nunca sente que de fato é a She-ra: ela nunca sente que assumiu todo o seu poder, que aprendeu tudo o que tinha que aprender sobre a She-ra. Ou seja, ela nunca se sente sendo a She-ra, mesmo que ela, de fato, sendo a She-ra na prática.

E isso é muito interessante de observar e entender, porque é exatamente isso que ocorre conosco: nós podemos já ser o bastante ou suficiente, mas nós nunca iremos sentir de fato que somos suficiente e o bastante. A nossa crença em nós mesmos jamais estará completa, mesmo que a gente já tenha atingido esse nível de suficiência.

A Cultura da Escassez diz exatamente te isso: jamais iremos sentir e acreditar que somos o bastante. É por isso que podemos ficar a vida toda lutando e nos esforçando para ser suficiente e o bastante e de fato chegar lá, mas nunca iremos acreditar que chegamos a esse ponto.

E, é interessante que, na série, a Adora só consegue de fato concluir o seu objetivo, quando ela assume a sua própria forma como Adora, e não como She-ra.

Não precisamos ser suficiente ou o bastante para sermos dignos e merecedores de amor. Nós já somos dignos de amor, nós já somos merecedores dele, e podemos, nós mesmos, nos dar amor.

Uma forma poderosa de fazermos isso, de nós mesmos nos darmos amor e nos sentirmos amados, é desenvolvendo a Autocompaixão. Ela é uma técnica que consistente em se tratar com bondade e carinho, reconhecer e aceitar as suas dores, problemas e falhas, e também tomar consciência dos seus pensamentos e sentimentos.

Eu tenho um vídeo onde explico com mais detalhes sobre a Autocompaixão, mas se você quiser aprender a praticar a Autocompaixão de uma forma mais consistente, prática e acolhedora, além de aprender muito mais sobre amor próprio e outras formas de se amar e se sentir amado, eu te convido a conhecer o meu curso!

Ele é totalmente focado em te mostrar como fazer as pazes com a sua pior versão, em como aprender a se acolher e se tratar com bondade e carinho e de fato se sentir amado! Clique aqui para conhecer e se inscrever no meu curso!


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