top of page

Como se sentir suficiente (Parte 1)

Atualizado: 17 de out. de 2020



Você já sentiu que não era suficiente em algo? Que não era inteligência o suficiente? Ou que não era bom ou boa o suficiente? Ou que não era engraçado ou suficiente? Que não era suficiente, simplesmente?

Felizmente você não está sozinho e isso é um tormento que todos nós passamos. Mas hoje eu quero te dar algumas dicas para você entender mais sobre essa “insuficiência” que sentimos ter e sobre como lidar com ela.

Grande parte do que eu vou falar nesse texto eu tirei do livro A coragem de ser imperfeito, da Brené Brown.




Cultura da escassez

A cultura da escassez é a cultura que diz que não somos suficientes. É por causa dela que nos sentimos assim, como se não fossemos suficientes.

A cultura da escassez diz: você não é bom o suficiente, você não é inteligente o suficiente, você não é bonito o suficiente, você não é engraçado ou simpático ou gentil o suficiente, você não sabe o suficiente. Resumindo: você não é suficiente, para a cultura da escassez.

E tem muita gente que, para se sentir suficiente, acaba indo para extremos: tenta ao máximo buscar essa ideia de suficiência, mesmo que ela nunca chegue até você.

Mas a escassez e o exagero são dois lados da mesma moeda. Para a gente resolver o problema, a gente precisa aprender a lidar com a vergonha.

O que é a vergonha?

Vergonha é um termo que tinha um significado para mim, mas, depois de ler a definição da Brené Brown sobre ela, vergonha passou a ter um novo significado.

Mas para a gente definir o que é a vergonha e entender como ela nos afeta, a gente precisa entender três outras palavrinhas: culpa, humilhação e constrangimento.

Vergonha e culpa são bem semelhantes, mas elas tem algumas características bem marcantes que as diferem: a culpa é benéfica, já a vergonha é maléfica.

Vamos supor que você se dedicou a um trabalho incrível e que você julga estar maravilhoso. Mas, quando você vai mostrar para outras pessoas, todas dizem que o seu trabalho está horrível e um lixo.

A vergonha irá te dizer “você fez um trabalho horrível e que é um lixo, então você é um lixo por causa disso”. Já a culpa vai dizer “você fez um trabalho horrível e que é um lixo, mas isso apenas significa que você fez algo ruim e não que você seja ruim”.

A culpa é benéfica porque ela diz que as nossas ações não determinam totalmente quem nós somos. Nós podemos fazer coisas ruins e estúpidas e isso não vai significar que nós somos estúpidos ou ruins. E isso é libertador, pois se você não é definido pelas suas ações, isso significa que você mudar e ter ações melhores.

Já a vergonha não permite isso. Então se você faz algo ruim, isso significa que você é ruim, então não tem como mudar quem você é. A vergonha não dá liberdade para mudanças.

Agora humilhação e constrangimento são mais simples: humilhação é quando dizem algo sobre o seu trabalho ou sobre você, algo negativo, mas você não acredita. E constrangimento é o mais simples de todos: é momentâneo e nos faz sentir que não estamos sozinhos. Um exemplo clássico de constrangimento é tropeçar na rua.

Como a vergonha afeta as mulheres

A vergonha, apesar de todos nós termos que lidar com ela, tem uma forma diferente entre os homens e as mulheres. Isso porque as exigências que a sociedade tem sobre as mulheres é diferente da exigência sobre os homens.

A nossa vergonha diz que precisamos ser perfeitas. Ela está muito ligada ao corpo e aparência e a maternidade.

Os padrões de beleza altíssimos e a forma como nós mulheres somos tratadas como um recipiente que precisa estar sempre belo por fora explica bastante porque a nossa vergonha sempre diz que estamos feias, que precisamos esconder as nossas estrias, que temos que ter vergonha do nosso corpo e aparência.

Mas eu acho que a nossa vergonha estar ligada a maternidade é uma coisa mais problemática ainda. Mesmo as mulheres que não querem ser mães estão sujeitas a vergonha ligada a maternidade.

Acho que isso acontece porque a nossa ideia de mãe é uma mulher que dá conta de tudo, que está sempre impecável, nunca é agressiva ou grosseira e sempre está a disposição. O arquétipo da mulher empoderada, curiosamente, está muito ligado a algumas das características da mãe: dar conta de tudo e estar sempre impecável, por exemplo.

E isso faz com que exijamos demais de nós para sempre manter esse padrão, de sempre estamos belas e perfeitas e de sempre darmos conta de tudo e estamos a disposição, não causar problemas e nem transtornos.

E isso é muito problemático, porque a gente não vai dar conta de tudo sempre, por mais que pareça que as outras pessoas estão dando conta de tudo e nós não.

Clica aqui

Como a vergonha afeta os homens

A vergonha que afeta os homens é diferente da que afeta as mulheres e, na minha opinião, é uma vergonha mais difícil de lidar, pois a principal coisa que a vergonha diz aos homens é: não seja vulnerável.

A vergonha masculina diz: não se exponha, não se abra, não confie nas pessoas, não demonstre as suas emoções, não demonstre o seu medo, inseguranças, não demonstre a sua vulnerabilidade.

E é com a vulnerabilidade que se lida com a vergonha (eu vou falar mais sobre isso no próximo texto).

A vergonha masculina impede os homens de serem o que define o ser humano e também de errar e fracassar.

Os homens não podem errar, não podem fracassar ou serem rejeitados. Acho que é por conta disso que os homens lidam tão mau com rejeição, com o fracasso e até com outras mulheres tendo mais sucesso do que eles: porque a vergonha deles está ligada a isso.

Os homens não podem ser nada do que define um ser humano, ou seja, não podem errar, não podem ser vulneráveis e nem fracassar. Mas essas coisas são naturais e vão acontecer de qualquer jeito, por isso que a vergonha dos homens é tão problemática e absurda.

Como esse é um assunto extenso, eu usei esse texto para te explicar sobre como a vergonha funciona e como ela afeta os homens e as mulheres. Mas no próximo texto eu vou explicar como lidar com a vergonha!

11 visualizações0 comentário

Comentários


bottom of page